O espírito de devoção filial para com Maria marcou a vida inteira dessa pequenina grande Santa. Sensibilíssima e precoce decidiu se dedicar a Deus desde a infância. E fez de sua vida consagrada uma singular projeção missionária da Virgem Santíssima. Por isso, é modelo de empenho missionário, sem nunca ter saído do Carmelo de Lisieux, França.
Os fundamentos da religião Teresinha aprendeu com seus pais, Luis Martin e Zélia Guerin. O pai era um fervoroso devoto mariano e possuía uma imagem da Santíssima Virgem no seu quarto.
Quando se casou, a imagem passou para a família. Teresinha era a caçula de nove irmãos. Sofreu um grande trauma, em 1877, quando sua mãe Zélia adoeceu e morreu em poucos meses. Então, com quatro anos de idade, ficou sob os cuidados da sua irmã Paulina.
Em outubro de 1882, Teresinha sofreu outro forte golpe, ficou sem a ‘segunda mãe’. Paulina ingressou no Carmelo de Lisieux, com a benção do pai. A tristeza de Teresinha se tornou uma doença que se agravava a cada dia. Na noite da Páscoa de 1883, as crises de tremores começaram e duraram semanas. O médico da família diagnosticou uma profunda depressão motivada por frustração afetiva. A imaturidade emocional própria dessa idade, não permitiu que ela assimilasse a perda das ‘duas mães’.
Vivendo na angustia do abandonado e sem conseguir reagir, apresentou um comportamento regressivo que a levou a ser tratada como uma recém nascida. Um caso gravíssimo e, na época, sem cura na medicina. Paulina, unida às demais carmelitas do Convento de Lisieux, intensificou as súplicas em oração a Nossa Senhora, para lhe obter a cura. Com essa intenção, seu pai Luis mandou celebrar uma novena de Missas no santuário de Nossa Senhora das Vitórias de Paris, acompanhada por todos os parentes e amigos. Enquanto ele e as outras filhas rezavam diante da imagem da Virgem colocada ao lado do leito da menina enferma.
Mais tarde, no livro de sua autobiografia, ‘História de uma alma’, Santa Teresinha narrou que só foi curada dessa enfermidade pela intervenção materna de Maria. Escreveu que: ‘No dia 13 de maio de 1883, festa de Pentecostes,… do leito, virei meu olhar para a imagem de Nossa Senhora e… De repente, a Santíssima Virgem pareceu-me bonita, tão bonita que nunca vira algo semelhante, seu rosto exalava uma bondade e uma ternura inefáveis, mas o que calou fundo em minha alma foi o ‘sorriso encantador da Santíssima Virgem’. Todas as minhas penas se foram naquele momento, duas grossas lágrimas jorraram das minhas pálpebras e rolaram pelo meu rosto, eram lágrimas de pura alegria… Ah! Pensei, a Santíssima Virgem sorriu para mim, estou feliz… (…) Fora por causa dela, das suas intensas orações, que eu tivera a graça do sorriso da Rainha do Céu…’ (Ma, 30v). A esta imagem ela deu o título de ‘Virgem do Sorriso’ e a invocação começou com seus familiares.
Depois, ela levou a devoção para o Carmelo de Lisieux, onde ingressou aos quinze anos de idade, por deferência especial do Papa Leão XIII. Finalmente, foi divulgada em todas as ordens carmelitas e se propagou no mundo.
A imagem de Nossa Senhora do Sorriso, de Santa Teresinha tem menos de noventa centímetros de altura, é uma reprodução da obra do artista Bouchardon. Esteve em frente da enfermaria do Carmelo de Lisieux, onde ela concluiu a sua breve existência de vinte e quatro anos, em 1897.
Hoje, a imagem é venerada na capela do mesmo Carmelo, acima da cripta de vidro que guarda as relíquias da Santa.
Nossa Senhora do Sorriso, rogai por nós.
IMAGEM DE NOSSA SENHORA DO SORRISO QUE SANTA TERESINHA FOI CURADA!
15 de agosto
Nossa Senhora do Sorriso
A devoção à Nossa Senhora do Sorriso está muito ligada à vida da célebre Santa Terezinha do Menino Jesus da Sagrada Face, declarada Doutora da Igreja, em 1994. Sem dúvida, esse culto mariano se propagou por todo mundo cristão, graças à divulgação dada pelas Ordens Carmelitas, porém, sua origem é bem mais antiga. A invocação iniciou numa das primeiras igrejas erguidas ao culto da Virgem Maria, pelos cristãos do Ocidente, no século V.
A pequena comunidade de Rocavivara, da diocese de Trivento, situada na região de Molise, na Itália meridional, nasceu no período do Império Romano-Bizantino, no século IV. Neste ambiente, surgiu no Vale de Caneto o majestoso complexo do Santuário de Santa Maria, cuja imagem é venerada pelos habitantes como a Virgem do Sorriso. A invocação começou em 1300, quando no altar principal foi colocada a imagem de Nossa Senhora, que passou a inspirar essa devoção aos fiéis. Entretanto, o culto à Santíssima Mãe de Deus começou muito antes nessa comunidade.
A religiosidade é uma característica desse povo, desde a época pagã dos antigos romanos. As ruínas da suntuosa Vila romana, descoberta pelos pesquisadores, demonstram que alí se honrava a deusa Mefitis. As inscrições encontradas revelaram que, a fé cristã foi anunciada à população por obra dos Bispos de Trivento. E que, em seguida, foi construído um Santuário dedicado ao culto da "Virgem Maria, Mãe de Deus". Portanto, como esse dogma de fé cristã foi proclamado em 431, no Concílio de Eféso, esse templo foi um dos primeiros erguidos para o culto mariano, no Ocidente.
O primeiro documento histórico sobre o Santuário de Santa Maria de Caneto, data de 703 e se encontra no "Cronicon Volturnense". Nele se lê que o duque Gisolfo doou, aos monges beneditinos de São Vicente de Volturno: "a igreja da Virgem Maria próxima ao rio Trigno, destruída pelo mesmo incêndio que arrasou a Vila romana, abandonada por todos os habitantes". Ao longo dos tempos, esses religiosos foram se alternando com os de Montecassino e ergueram a atual igreja e o convento anexo, no século XI.
A partir de 1300, o Santuário recebeu a imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus nos braços, que logo foi intitulada "Virgem do Sorriso". Com muito justa, pois, do semblante da imagem transparece tamanha serenidade e paz interior que se infundem nos corações de todos os fiéis. O convento existiu até 1474, quando os beneditinos deixaram a região. Porém, os devotos e romeiros continuaram freqüentando a igreja e a tradicional festa da Virgem do Sorriso sempre foi ser celebrada, em 15 de agosto. Já o culto não se propagou muito além desses limites. Talvez, porque o local tenha ficado sem os cuidados e o trabalho apostólico de uma Ordem religiosa.
Ao redor de 1930, o pároco de Rocavivara, um zeloso sacerdote, incentivou a comunidade à obra de restauração do Santuário de Nossa Senhora do Sorriso, encerrada em 1935. Desde então o complexo do Santuário passou a ser responsabilidade do reitor do Instituto Ravasco, das Irmãs Filhas dos Sagrados Corações de Jesus e Maria. Assim, essa devoção mariana recebeu um novo ânimo e o Santuário passou a ser visitado por muitos peregrinos. Especialmente em agosto, quando a celebração da Virgem do Sorriso começa no primeiro dia e se encerra com sua tradicional festa, no dia 15 desse mês.